quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Educação e o professor

" Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." - Paulo Freire



"Seus pais não te deram educação?" Frase que ouvimos quase como ditado popular. Esse semestre descobrimos que o papel da educação não é somente responsabilidade de nossos pais, bem pelo contrário, mesmo não lembrando, muitas vezes, nossos professores foram os protagonistas da nossa educação. Como falar, como se portar, quando parar, sempre nos ensinando conhecimento (seja qual for). Temos que agradecer à todos os professores pelo efeito que causaram em nossas cabeças, seja para o lado positivo ou negativo.
Não deixemos de esquecer do papel do Estado nesse processo. O Estado que abriga a Escola, apesar de virem com conteúdos prontos e regras limitadoras no ensino, também, nos proporciona (não posso falar por todos) um espaço de aprendizagem. Claro, ainda está muito longe do ideal de escola o que temos nos dias de hoje no Brasil como um todo, o investimento tem que ser maior, os professores mais bem qualificados, e o ensino tem que ser repensado - falo pelo campo da história, e toda a influência francesa de estereótipos e eurocentrismo que ainda é colocada nas salas de aula.
Estudar sobre a Educação abre os nossos olhos, transpõe um limite que nunca pensamos em ter sobre diversos assuntos dignos de análise. Para que serve uma avaliação? Por que o professor se dispõe na sala tão diferente dos alunos? Por que ensinamos alguns conteúdos e outro não? Quais os métodos alternativos de ensino? E outras questões que fazem diferença na formação do professor.
Enfim, finalizo o blog, todo o histórico, com a ressalva para quem lê de que se aprofunde nos temas que abordamos nos blogs - os mesmo que abordamos em sala de aula - e faça bom proveito para sua vida docente. Farei o mesmo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Exercícios, trabalhos, atividades, provas, avaliações...


Exercícios, trabalhos, atividades, provas, avaliações...

Os alunos sempre trancam a respiração ao ouvirem essas palavras saindo da boca do professor.

Com base nas leituras (MENDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002) que fizemos e as discussões em sala de aula, construímos uma outra visão sobre essas atividades. É uma questão complexa pois sempre pensamos, como alunos, que a avaliação é realmente puramente uma questão de nota. O aluno é a nota que o professor dá. Vimos com esse autor que a nota, na verdade, é muito subjetiva, pois nos falta conhecer os critérios de avaliação, e mesmo com esses critérios a correção torna-se questionável.
As novas didáticas fazem com que essas atividades tornam-se cada vez mais subjetiva. Pois, na verdade, quando você cria questões abertas e não questões objetivas (uma das características da nova didática), você não tem como avaliar certo/errado, mas sim, avaliar as argumentações, se o aluno estudou e sabe falar sobre o assunto - como ele formulou a resposta, com bases em quê. As questões devem abrir espaço para que o aluno coloque naquela resposta todo o conhecimento que tem sobre o assunto, porque na verdade, a escola, como instituição de um aprendizado continuado, deve seguir esse princípio onde o aluno constrói o conhecimento e cada vez mais terá o que falar sobre os assuntos que aprende ao longo desse tempo em que está inserido no ambiente escolar. O objetivo dessas avaliações é estimular a procura por respostas, por melhoras, por maior conhecimento por parte do aluno do conteúdo, não algo que deve afastar o aluno da escola.
Teria muito o que se discutir sobre a questão das possíveis avaliações e suas consequências para aluno e professor (e sociedade em geral), mas como não posso expor toda a aprendizagem que tive com relação a esse assunto, fica alguns pontos da avaliação o e estímulo a quem se interessa a ler sobre o assunto e mudar suas práticas no ensino com a referência que deixei nessa postagem, de MENDEZ, um texto fácil de ler e compreender.

Para reflexão: a prova do vestibular, qual o sentido dessa avaliação?

Objetivo: Os alunos gostarem quando souberem que terão uma avaliação para fazer.

Novas Didáticas

Características das Novas Didáticas (com base em Perrenoud):

1) Considerarem o aluno como sujeito ativo da sua aprendizagem;
2) A construção de novos saberes centrado não apenas em atividades adequadas, mas também nas interações sociais;
3) Privilegiar as competências funcionais e globais aos saberes fragmentados;
4) Consolidar as aprendizagens na “vivência dos alunos";
5) Respeitar a diversidade de culturas e personalidade;
6) Valorizar a autonomia da criança;
7) Motivação relacionada com o prazer e a vontade de descobrir e de fazer, dar importância as tarefas cooperativas;
9) A ênfase dada à educação e ao desenvolvimento da pessoa.

Essas novas didáticas vem ao mundo docente como uma contraposição às didáticas tradicionais (já citadas em posts abaixo). Mostro abaixo um vídeo de Perrenoud, analisemos:




Podemos fazer as ligações desse vídeo com as novas didáticas que Perrenoud estuda. Vemos claramente a noção de competência que o autor se refere. A Escola é um componente da sociedade e sua função não é formar para situações específicas, mas abrir a cabeça das pessoas para todos os tipos de situação. Ensinar o aluno a saber lidar com o problema, pesquisar de onde veio, como se manifesta e como agir diante dele. Ela estimula a curiosidade bem como a criatividade e a iniciativa de você lidar com as situações do dia a dia, até, inclusive no meio do trabalho.
O aluno é ativo no seu aprendizado, seu desenvolvimento depende de si mesmo, também, não somente do professor - que deve se esforçar e achar artifícios que façam com que de forma menos complexa possível o aluno entenda os assunto colocados em sala. O trabalho do professor não deveria ter o objetivo de preparar o aluno para o mundo profissional, mas sim de contribuir para todas as formações do aluno, inclusive - se não, principalmente - a formação pessoal.

Interacionismo


Pesquisando sobre o assunto e lendo os textos recomendados em sala conseguimos entender o processo que o interacionismo promove na relação do ensino. O aluno, assim como o professor, é um agente ativo e formador. O aluno não é uma máquina de receber e armazenar informação, ponto. É um integrante dentro desse processo, ele recebe informação, junta com as que já possui, faz ligações e construções próprias. O papel do professor nesse aspecto é problematizar os assuntos. O professor ajuda, dá bases e argumentações para os alunos criarem suas próprias, eles refletem e se tornam capazes de responder as questões. O aluno acaba por criar a própria autonomia do saber, não como um aluno autodidata, mas como um corpo em movimento e constante transformação do saber. Como exemplo desse tema, achei na internet, num Blog, um trecho retirado deste mesmo blog, que achei interessante comentar:

“Estou escrevendo este livro por causa da Bela Adormecida”
Para mim, essa é uma história em que toda a tragédia acontece porque os pais da princesinha teimavam em acreditar que deveria afastar todo o mal para longe da menina. Mas ainda, estavam convencidos de ter poderes suficientes para isso. O pior é que eles viviam repetindo a mesma bobagem, como se não fossem capazes de aprender com a própria experiência.
Pois veja: para o batizado da menina, deixaram de convidar a velha bruxa, porque ela era feia e malvada, e eles achavam que a feiúra e a maldade não podiam fazer parte da festa. Mas, como essas coisas fazem parte da vida a bruxa invadiu o palácio mesmo sem convite. E, para vingar a afronta recebida, lançou uma maldição sobre a criança. Não seria melhor ter convidado logo a malvada e dado a ela uma porção de coisas boas de comer e de beber, para aplacar seu mau gênio? Não seria mil vezes preferível tê-la como hóspede a tê-la como inimiga? Mas a bem-intencionada bobeira dos pais foi ainda mais longe. Ao ouvir da bruxa que a princesinha, aos quinze anos, iria feri
r-se gravemente com uma roca de fiar, o que fez o pai? Mandou banir do reino inteiro todas as rocas de fiar. Como se algum pai, por mais rei e poderoso que fosse, tivesse o poder de afastar dos filhos as coisas que são capazes de feri-los, de lhes fazer mal. Ainda mais aos quinze anos. O que aconteceu, então? Tinha sobrado uma roca com seu fuso, no alto de uma velha torre onde vivia uma fiandeira, solitária e isolada. A princesa, chegando casualmente à torre, ao se deparar pela primeira vez com aquele estranho objeto, ficou muito curiosa, pegou nele de mau jeito e furou o dedo. Conforme, aliás, todo mundo já sabia, há muito tempo que iria acontecer. Não teria sido mais sábio o rei se tivesse alertado a menina para o perigo que aqueles objetos representavam para ela, e ensinado sua filha a se defender, em vez de tentar negar a própria existência de rocas e fusos? Talvez, se pudesse saber do risco que corria, a princesa teria sido mais cuidadosa e até evitaria o acidente. Então. Eu acho que muitos pais e mães de hoje continuam a se comportar como os pais da Bela Adormecida, como se não tivessem entendido a história. Daí achei melhor escrever este livro. (Flídia Rosenberg Aratangy, 1995).

Esse trecho diz muito sobre o assunto do interacionismo, acho que talvez seja um processo difícil - falando como acadêmica de História - o reconhecimento do aluno como agente ativo no processo de formação, mas com leitura e um pouco de estudo e reflexão própria é possível criar uma aula baseada nesses termos onde o aluno não só responde aos questionamentos que fazemos, mas acrescenta informações, pontos de vista, e até formula novos questionamentos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pós Colonialismo na Educação


O pós colonialismo propõe questões muito importantes para a sociedade brasileira de hoje. Podemos citar como primordiais as questões que abrangem as formas de opressão, injustiça, desigualdade e exploração no nosso país. Culturas são oprimidas enquanto outras são tomadas como evoluídas - no nosso caso, a cultura negra e indígenas são as grandes vítimas desse desnivelamento cultural, social, intelectual...

Essas noções em que os europeus trouxeram CIVILIZAÇÃO para o Brasil e que eles que EVOLUÍRAM a forma de vida "primitiva" presente nesse continente, são as justificativas emaranhadas na educação brasileira para explicar o porquê dessa interferência deles numa sociedade que vivia aqui há muitos anos em paz - relativa paz, é claro. Em sala de aula quando presenciamos ou ouvimos falar, de atividades como "dia do índio", nos demora perceber o como isso pode levar a uma exclusão dessa cultura - que também originou a nossa - na cabeça de uma criança. Explicando melhor, nós tentamos hoje nos retratar com esses povos (indígenas, negros, mulheres) que foram excluídos de segmentos sociais na história, fazendo dias comemorativos para eles. Esses
dias acabam por representar um maior distanciamento dos alunos, nas crianças com essas culturas, separando eles do resto do mundo, não vendo aquele quebra-cabeça social onde todos fazem parte de um só.

Nesse aspecto a revolução industrial colaborou para o enfraquecimento das disciplinas humanas na educação e consequentemente o ensino da reflexão, da crítica, contestação, e de tudo que contribui para o avanço da sociedade e a noção da nossa sociedade como um todo. O trabalho passa a ser foco e a reflexão passa a ser perigoso para a desestabilização do Sistema. Ou seja, por um longo tempo, na prática, não se via professores ensinando reflexão para o aluno. Em História, os conteúdos eram dados como fatos, datas, figuras importantes, e tudo isso num contexto de hierarquização.

A teoria pós-colonialista prevê um ensino horizontal e transparente, reconhecendo a impossível neutralidade do professor e enriquecendo suas reflexões com as observações dos alunos. Eles passam a ser agentes da história, e passam a serem capazes de modificar o mundo, adentrando nele com uma concepção diferente, uma visão diferente de seus pais e avôs.

Questões para se pensar:

O que é civilização?
Quais os parâmetros para distinguir uma cultura "civilizada" de uma "não civilizada"?
O que você conhece da cultura européia? E da cultura indígena?



Indisciplinaridade


Objetivos Gerais da História:
...
Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um
conhecimento interdisciplinar;
...

(BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.)


Temos uma certa dificuldade em assimilar a interdisciplinaridade no ensino em escolas. Talvez porque o ensino na minha geração não tenha sido - não generalizando - muito conectado entre as disciplinas.
Quando se trata de história, especificamente falando, se fizermos uma reflexão veremos o quanto podemos fazer ligações com qualquer outro assunto de qualquer outra disciplina. Pensar em como aquele novo conhecimento chegou até os dias de hoje, quem são as figuras históricas que contribuíram para tal conhecimento, com qual finalidade esse conhecimento chegou até os dias de hoje, qual a utilidade do conhecimento hoje. Podendo construir das "exatas" até as "humanas" muitos laços e fazer com que os alunos percebam que esse ensino que operou até hoje tão fragmentado faz parte de um quadro inteiramente interligado. E mais do que isso, faz parte da realidade de cada aluno presente na sala. O aluno tem que se identificar com os assuntos e não se fazer aquela "famosa" pergunta: "PARA QUÊ ESTOU APRENDENDO ISTO?".
A realidade do aluno tem que ser levada em conta e a interdisciplinaridade colabora para esse acontecimento.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Teorias Tradicionais de Ensino - Presente até os dias de hoje.

Talvez seja um pouco ousado dizer que as Teorias Tradicionais de ensino estão presente até hoje. Mas para alguns talvez não seria uma surpresa. Quando pensamos na pergunta: O que os filhos de trabalhadores (hoje e na década de 20) devem aprender nas escolas? - e então você para para pensar na realidade de hoje onde a sociedade necessita de trabalhadores como nunca com a economia e a população em constante crescimento no mundo. As escolas técnicas e escolas de formação condensada são um bom exemplo dessa necessidade rápida de uma escolaridade mínima para entrar no campo do trabalho.
Na Teoria Tradicional a escola funciona como um indústria. Ela forma para o trabalho. Estabelece objetivos específicos. Não há espaço para assuntos paralelos. O professor está acima dos alunos. O quadro e giz são os meio de transmissão de conhecimento, assim como a decoração de fatos, datas, personagens específicas. Enfim... Mesmo parecendo algo tão distante vemos muitos resquícios nas salas de hoje em dia.
Mais uma vez termino o post dizendo que a mudança desse sistema cabe a cada um de nós. No livro o qual me baseio para fazer essa postagem, o autor especifica as outras Teorias (Críticas e Pós-críticas) que têm influência nesse mundo educacional e dita outras formas de ver o mundo para professores e alunos.

Clipe do Pink Floyd - Another Brick in the Wall
(Típica crítica ao sistema tradicional de ensino)



Fonte e indicação de leitura: SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.